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“SOU ANTI!”
NÃO ME PERGUNTE, PORQUE AMO OS ANIMAIS? SE FINGIR NÃO SABER OS MOTIVOS, ME PERGUNTE PORQUE ODEIO OS HUMANOS! - SOU ANTI, SOU UM SER RACIONAL PENSANTE E LIVRE, POR ISSO SOU ANTI, SOU ANTI SISTEMA DOMINANTE, SOU ANTI ESTADO E SUAS LEIS SOU ANTI INSTITUIÇÕES OFICIAIS, SOU ANTI PATRIOTISMO E NACIONALISMO, POIS SÓ SERVEM PARA EXALTAR UMA PSEUDA PÁTRIA SUA, SOU ANTI POLÍTICA PARTIDÁRIA E O CÂNCER QUE ESSA REPRESENTA,SOU ANTI O VOTO POLÍTICO PARTIDÁRIO E A FARSA DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA QUE ELE “VENDE” SOU ANTI A FARSA QUE É A TAL DA DEMOCRACIA ENQUANTO REGIME, PELAS FALÁCIAS QUE “VENDE” E POR REPRESENTAR UM GOVERNO. SOU ANTI CRENÇAS DE FÉ RELIGIOSAS SEU DEUS ASSIM COMO AS MÍSTICAS, SOU ANTI CONCEITOS FALSOS DE VALORES, SOU ANTI SOCIEDADE E SUAS AMARRAS OU “CABRESTOS” MORAL, QUASE SEMPRE FALSO MORALISTA, SOU ANTI POLÍCIA E TUDO QUE ESSA REPRESENTA, OPRESSÃO, COVARDIA, DISCRIMINAÇÃO, PERSEGUIÇÃO ETC, SOU TOTALMENTE ANTI MODISMOS. SOU ANTI! POIS SOU UM SER RACIONAL MAS PENSANTE!!! - A FARSA DA VIDA - "FARSA, A VIDA É UMA GRANDE FARSA, MAS QUEM DISSE QUE NÃO É, COMO NEGAR! SIMPLES SENDO MAIS UM FARSANTE."
As imagens do pintor Rodrigo Santos Silva sem ar e convulsionando ainda estão na minha mente. E tudo isso por causa de uma passagem que custa o que, na capital, uns R$ 5, R$ 6? Rodrigo foi agredido por agentes de “segurança” do Metrô e policiais militares na semana passada por usar o cartão de Bilhete Único de seu sogro. Acusaram-no de roubo sem provas, mas nem mesmo os PMs o levaram a uma delegacia para abrir B.O.
No vídeo publicado essa semana pela Ponte, vemos Rodrigo se debatendo no chão da plataforma da estação, pois alguém que acompanhou a agressão pagou a passagem dele. Como se não bastasse a agressão, durante o trajeto até o hospital, um agente do Metrô teria dito: “Você sabe que vai morrer, né?”. Aos profissionais de saúde, foi dito que Rodrigo estava assim por causa de uso de cocaína. Não foi mencionado que ele fora atingido por spray de pimenta.
O crime de Rodrigo foi ser pobre. Se ele estivesse lavando dinheiro para o PCC na Faria Lima, pagasse propina para obter benefícios fiscais com dinheiro público ou ainda participasse de uma tentativa de golpe de Estado, talvez fosse preso sim, mas não seria agredido, humilhado. Não seria chamado de ladrão, mas de “senhor”, “doutor”, “excelência”. Teria o benefício de uma tornozeleira e prisão domiciliar e, se ficasse preso, a fiança de R$ 25 milhões teria sido considerada excessiva pela Justiça (mesmo que a empresa que representa tendo uma receita líquida de R$ 3,6 bilhões e um lucro de R$ 82 milhões em 2023). Nunca teria dito: “Eu pensei que não ia sair vivo, que ia não mais ver os meus filhos.”
Mas Rodrigo é um trabalhador que estava voltando para casa em Guaianases, no extremo-leste de São Paulo, para encontrar a esposa e os seis filhos. A agressão lhe custou três dias sem trabalhar, pois, em dois desses, não conseguia enxergar. E três dias para um trabalhador custa caro no final do mês. “Tem muita gente que diz: ‘Aconteceu isso, e quer se fazer de coitado’. Mas, sem trabalhar esses três dias, se eu falar para você que não estou passando aperto, eu estou mentindo”, disse à nossa reportagem.
Adilson Paes de Souza, que é tenente-coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP) e pós-doutor em psicologia social pela Universidade de São Paulo (USP), nos disse na reportagem que fizemos sobre o “bunker do PCC” na Faria Lima, foi didático em sua colocação: “Ninguém chegou em prédios da Faria Lima derrubando portas, jogando bomba. E nunca fariam isso, porque entendem, entre aspas, que lá está um outro tipo de cidadão. Então, existe uma seletividade, uma narrativa na tentativa de justificar ações truculentas e letais em determinados territórios”. E é essa a seletividade que foi aplicada à Rodrigo no metrô Belém, morador de periferia de SP.
“A própria extrema-direita trabalha muito com essa ideia de que policiamento seria a atuação em territórios vistos como violentos, onde moram pessoas que devem ser colocadas como suspeitas”, acrescentou o pesquisador, jornalista e cofundador da Ponte, Bruno Paes Manso.
Na reportagem da minha colega, a repórter Catarina Duarte, que analisou os dados de julho da letalidade policial em São Paulo, o coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, Rafael Rocha, tocou na mesma questão estrutural. “A forma como o policial usa uma arma de fogo na periferia contra o jovem negro é muito diferente de quando aborda um jovem no centro expandido de São Paulo.”
E você não verá protesto na frente da Estação Belém do Metrô de São Paulo nem roda de oração para pedir o cartão do sogro de Rodrigo de volta. A Avenida Paulista não se encherá em verde, amarelo, azul e vermelho com estrelas brancas, pedindo justiça para ele. Não haverá mobilização no Congresso pedindo alguma sorte de mecanismo que o anistie pela injustiça sofrida. Não haverá cobertura ao vivo, nem hashtags.
À direita e à esquerda, a segurança pública no Brasil segue o mesmo credo: aos pobres, violência e morte; aos ricos, esses vencedores incólumes, citando o Bruxo do Cosme Velho, as batatas.
O judiciário brasileiro sempre foi faccioso, tendencioso, parcial, além de corporativista e elitista, mas agora chegou ao pior nível o de criminoso e mafioso constituindo um verdadeiro tribunal do crime, de excessão e inquisidor, e essa coisa nefasta não é nem nas instâncias inferior é na maior instância a tal suprema côrte, onde sequer cabe ou adianta entrar com recursos, já que seus integrantes fazem o papel de vítimas, polícia, promotores e juízes, ou seja, criam o contexto, inventando crimes conforme seus interesses obviamente escusos, fabricando provas, forjando flagrantes, prendendo, acusando, denunciando, julgando e condenando ao seu bel prazer, tudo isso parece surreal ou roteiro de filmes mas é real, algo só comparável as piores ditaduras e autocracias que se tem notícia como do nazismo de Hitler, o fascismo de Mussolini e o comunismo de Stalin, Fidel, Mao Tse-tung, Ceausescu e outros desse nível, e tudo isso com o selo e verniz de uma pseuda justiça que cínica e descaradamente finge se esconder sob o discurso de defesa da constituição, da democracia e da soberania.
Em Itabaiana (SE), polícia foi responsável por 75% de todos os homicídios registrados em 2024
Município do agreste sergipano virou exemplo extremo da violência policial no país: segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, no ano passado três em cada quatro homicídios tiveram policiais como autores.
Ayslan da Silva Assis, 25, era o caçula de três irmãos. Com os pais trabalhando fora, foi praticamente criado pelo irmão Alexandre da Silva Assis, 39, já adolescente quando ele nasceu. Ayslan era tímido, “bicho do mato” e muito ligado à família. Trabalhava com carteira assinada em uma cerâmica de Itabaiana, no agreste sergipano, carregando e descarregando caminhões. Era conhecido no bairro Marianga, onde vivia com a mãe.
Em 4 de setembro do ano passado, Ayslan acordou cedo, por volta das 4h. Trabalhou normalmente até parar para lanchar em frente de casa, muito próxima do local de trabalho, acompanhado por um colega enquanto aguardava a chegada de outro caminhão.
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Segundo relato de Alexandre à Ponte, policiais civis passaram pelo local, deram a volta e pararam em frente à cerâmica. Ainda conforme o irmão, quando o jovem entrava no trabalho, foi atingido por dois tiros, em plena manhã, na rua principal do bairro. Levado na carroceria de uma Chevrolet S10 usada pelos policiais ao hospital, já chegou morto.
“Meu irmão tinha endereço fixo, carteira assinada, todo mundo na cidade sabia onde ele morava. Mesmo que houvesse qualquer suspeita, ele tinha direito a ser ouvido, a se defender. O que fizeram foi uma execução”, desabafa Alexandre.
O caso expõe a letalidade policial em Itabaiana, no agreste de Sergipe. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em junho pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), a polícia foi responsável por 75% dos homicídios registrados no município de 103 mil habitantes.
Ao todo, 41 homicídios foram registrados em Itabaiana em 2024; 31 deles tiveram policiais como autores.
Missão baseada em denúncias anônimas
A Ponte teve acesso ao inquérito policial. No caso de Ayslan, os policiais civis Louis Bernard Tranquilin Filho, Gilbran Marcel Vaz Nunes e Elenildo Rabelo de Menezes cumpriam uma ordem de missão expedida pelo delegado Fábio Alan Pinto Pimentel um dia antes da morte.
A ordem se baseava em duas denúncias anônimas recebidas em agosto pela Delegacia Regional de Itabaiana. A primeira, em 27 de agosto, acusava o jovem de envolvimento em um latrocínio ocorrido em julho em Campo do Brito. No dia seguinte, outra denúncia apontava Ayslan como responsável pela venda de drogas em um bar da cidade e reiterava a suspeita de participação no latrocínio.
Ayslan da Silva Assis, 25, trabalhava em uma cerâmica em Itabaiana e foi morto por policiais civis em setembro de 2024 | Foto: Arquivo da família
A determinação do delegado previa campanas para observar o jovem, identificar ligações com o tráfico e, caso estivesse armado, efetuar prisão em flagrante. Em 4 de setembro de 2024, os policiais relataram terem encontrado Ayslan no bar citado. Segundo eles, o jovem parecia inquieto e observava a rua repetidamente. Durante a abordagem, ainda conforme a versão oficial, teria colocado a mão na cintura “na tentativa de sacar uma arma de fogo”.
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No dia seguinte à morte, uma mulher que havia perdido o marido em um latrocínio em julho prestou depoimento. Ela contou ter reconhecido Ayslan a partir de uma fotografia apresentada na delegacia. O depoimento não esclarece quando esse reconhecimento fotográfico foi realizado.
A investigação registrou a existência de três câmeras de segurança próximas ao local, mas nenhuma teria flagrado a ação policial, conforme relatório de 28 de setembro de 2024.
Em depoimento, o agente Louis Bernard admitiu ter efetuado ao menos dois disparos depois de Ayslan supostamente não obedecer à ordem para colocar as mãos na cabeça.
Uma arma calibre .32 foi apresentada como pertencente ao jovem. Apesar de morto, ele acabou indiciado por tentativa de homicídio contra os policiais. O relatório final da investigação foi concluído em março de 2025 pelo delegado Paulo Cristiano Alves Ricante.
Versão oficial x falhas na investigação
Em junho de 2025, o promotor Ademilton de Oliveira Santos pediu o arquivamento do caso, afirmando que “a versão apresentada pelos policiais encontra respaldo nos elementos objetivos colhidos durante a investigação”. A Justiça de Sergipe negou o arquivamento. O juiz Geilton Costa Cardoso da Silva, da 2ª Vara Criminal de Itabaiana, apontou fragilidades graves, como a ausência de auto formal de apreensão da arma, falta de laudo de resíduos de pólvora, inexistência de registros fotográficos do local e de testemunhas independentes.
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O magistrado destacou ainda que a principal testemunha que associou o jovem a outro crime se baseou em relatos de terceiros e em reconhecimento fotográfico irregular, feito após a morte. Considerou o arquivamento prematuro e determinou nova análise pelo procurador-geral de Justiça.
Nilzir Soares Vieira Júnior, procurador-geral de Sergipe, acolheu a decisão e determinou que a apuração seguisse. O PGJ reconheceu a ausência de diligências básicas — como certidão de óbito, laudo cadavérico, termo de apreensão da arma, imagens de câmeras e prontuário médico — e designou um novo promotor para acompanhar o inquérito.
Queda nos homicídios x alta da letalidade policial
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que Sergipe teve queda de 20,4% nas mortes violentas intencionais (MVI) entre 2023 e 2024. Em relação a 2016, a redução acumulada chega a 72%, colocando o estado na melhor posição do Nordeste.
O dado contrasta com as mortes causadas por policiais em 2024, segundo ano da gestão de Fábio Mitidieri (PSD). Ainda de acordo com o anuário, as forças de segurança responderam por 27,8% dos homicídios no estado.
Uma reportagem do Mangue Jornalismo publicada em janeiro de 2024, revelou que, nos últimos quatro anos, 810 pessoas foram mortas pela polícia em Sergipe, o que colocou o estado entre os mais letais do país. O ápice desse ciclo de violência ocorreu no primeiro ano da gestão de Mitidieri: em 2023, 229 pessoas morreram em “confrontos” com agentes, uma média de quase um por dia — e o maior número do período. A matéria ainda ressalta um padrão cruel e repetido: cerca de 85% das vítimas eram negras e jovens, entre 12 e 29 anos.
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Para Cinha Dinoral, coordenadora do Fórum Popular de Segurança Pública de Sergipe, o discurso oficial de que essas mortes resultam de “confrontos” deve ser relativizado, já que a maioria estaria ligada à Polícia Civil, não à Militar.
Em cidades como Itabaiana — polo de circulação de mercadorias e conhecida como “cidade dos caminhoneiros” —, os crimes mais comuns são furtos e assaltos, contexto em que se concentram operações da Civil. Cinha defende a implementação de câmeras corporais e a federalização das investigações, medidas que, segundo ela, poderiam ampliar a transparência e devolver confiança à população.
Projeto de lei mira redução da violência policial
Na Assembleia Legislativa de Sergipe, ao menos um projeto de lei busca enfrentar a letalidade policial. A deputada estadual Linda Brasil (PSOL) apresentou a proposta intitulada “Política Estadual de Segurança Cidadã e Preservação da Vida”, que prevê medidas para reduzir mortes provocadas por agentes e fortalecer o controle social sobre as forças de segurança.
O texto prevê que o Executivo elabore um Plano Estadual de Redução da Letalidade Policial, com diretrizes para limitar o uso da força, enfrentar abusos, garantir transparência, ampliar a participação social e criar ouvidoria externa para monitorar violações.
À Ponte, Linda disse que a proposta surgiu após diálogos com familiares de vítimas, movimentos sociais e comunidades que participaram do Fórum Popular de Direitos Humanos em fevereiro de 2025. “Identificamos fatores estruturais que influenciam diretamente na atuação policial: racismo, arbitrariedade, ausência de controle externo e falta de transparência sobre investigações e perfil das vítimas”, afirmou.
Ela critica a leitura oficial de que a queda nos homicídios representa melhora da segurança. Lembra que, embora os assassinatos tenham recuado 24%, os desaparecimentos subiram 20% no mesmo período. “Essa dinâmica pode ocultar algo ainda mais grave: execuções seguidas de ocultação de cadáver”, alerta.
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O projeto também prevê capacitação continuada das forças para prevenir discriminações, implementação de câmeras corporais, prioridade a investigações de homicídios e desaparecimentos forçados e proibição expressa de xingamentos e ofensas discriminatórias em abordagens.
Segundo a parlamentar, a resistência decorre de uma cultura institucional que normaliza e até exalta a violência policial. “A formação dos policiais não está voltada à proteção da vida, mas sim ao confronto armado e ao reforço do racismo estrutural”, critica.
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Ela relata denúncias de seu mandato que incluem interrupção de reuniões de crianças em periferias, agressões físicas, conduções coercitivas sem crime, invasões de domicílio e execuções sumárias. “Essas práticas consolidam a letalidade policial como ápice de um modelo de segurança pública construído sobre violações sistemáticas de direitos humanos em Sergipe”, conclui.
A proposta foi protocolada em abril deste ano e está parada na Coordenadoria-Geral de Processo Legislativo, à espera do próximo passo no rito legislativo.
Dor que virou resistência coletiva
A dor de quem perdeu um filho ecoou no depoimento de Luciana Katia de Oliveira Silva, integrante do Coletivo Saudade. Ela lembrou do caso do filho, Wagner Júnior, servente de pedreiro de 23 anos, morto há um ano e meio durante uma abordagem policial no bairro Japãozinho, em Aracaju.
Segundo Luciana, Wagner havia acabado de chegar do trabalho quando foi surpreendido por viaturas. “Eles já chegaram atirando”, contou. O jovem levou quatro tiros no peito e, antes disso, teria sido espancado e pisoteado no rosto, segundo relatos de moradores. Mesmo assim, a versão oficial foi a de confronto armado. “Meu filho foi morto ajoelhado, rendido. Não houve perícia, não houve preservação de cena”, disse. O caso foi arquivado pelo Ministério Público em dezembro de 2024, sem que a família fosse comunicada previamente.
A experiência levou Luciana a fundar o Coletivo Saudade três meses depois do crime. O grupo surgiu a partir de contato com mães de vítimas de outros estados, como Rio de Janeiro e Paraná, e hoje reúne ao menos 17 famílias em Sergipe. Elas compartilham relatos, dão apoio mútuo e buscam estratégias coletivas para enfrentar o silêncio e o medo.
Luciana afirma que muitas mães ainda hesitam em se expor por medo de retaliação, mas diz que a troca fortalece a luta. “Criamos o coletivo para que as famílias entendam que temos direitos e que nossos filhos não podiam ter sido mortos dessa forma. Eles nos querem calados, mas juntos conseguimos resistir”, diz.
O que dizem as autoridades
A Ponte procurou a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP-SE) sobre os dados de letalidade e o caso de Ayslan. O Ministério Público de Sergipe (MP-SE), responsável pelo controle externo das polícias, também foi questionado. Não houve retorno até a publicação deste texto. Caso haja, a matéria será atualizada.
Catarina Duarte
Matéria Publicada pelo Portal PONTE JORNALISMO 03/09/2025
A violência, a truculência e os desrespeitos a direitos individuais, nessa republiqueta bananeira e esgoto chamado Brasil ou Bostil, praticados principalmente por órgãos, entidades e instituições privadas ou do estado, tem alvos bem definidos, são pessoas pertencentes as castas dominadas e suas rales, ou seja, pessoas pobres e miseráveis, essa é uma cultura sociológica de discriminação, exclusão, segregação e perseguição predefinida, não só pela certeza da impunidade dos integrantes destes órgãos, entidades e instituições, como também para o sistema impor a ideologia do temor pelo terror que estas instituições, órgãos e entidades são capazes, assim como para impor uma espécie de limpeza social nos moldes da infame e maldita limpeza étnica praticada pelos nazistas de Adolf Hitler.
Homem acusado injustamente de roubo convulsiona após agressão de seguranças e PMs no metrô
Um homem foi agredido por seguranças do metrô de São Paulo e policiais militares na última sexta-feira (29/8), na estação Belém, na zona leste da capital, após ser injustamente acusado de roubo. Ele passou por uma das catracas do local usando um cartão de Bilhete Único que está em nome do sogro — que os agentes alegaram, sem provas, ter sido roubado. Foi lançado spray de pimenta no rosto da vítima, a ponto dela passar mal e ter uma crise convulsiva já caída na plataforma de embarque no metrô.
Vítima chegou à estação Belém, na zona leste de SP, com cartão de Bilhete Único em nome do sogro, que agentes alegaram, sem provas, ter sido roubado. Rodrigo Santos Silva está sem conseguir trabalhar por conta de dores e inchaço nos olhos.
Um homem foi agredido por seguranças do metrô de São Paulo e policiais militares na última sexta-feira (29/8), na estação Belém, na zona leste da capital, após ser injustamente acusado de roubo. Ele passou por uma das catracas do local usando um cartão de Bilhete Único que está em nome do sogro — que os agentes alegaram, sem provas, ter sido roubado. Foi lançado spray de pimenta no rosto da vítima, a ponto dela passar mal e ter uma crise convulsiva já caída na plataforma de embarque no metrô.
Rodrigo Santos Silva, de 33 anos, conta que, ao passar pela catraca, após ter saído do trabalho, um segurança da estação disse que ele não havia pago a viagem. O passageiro respondeu que a acusação era infundada e mostrou o bilhete de que dispunha, um modelo especial para idosos.
“Ele falou assim: ‘Esse bilhete aí é roubado’. E eu falei: ‘Você tem provas? É do meu sogro’. Nesse momento, eu estava em uma chamada de vídeo no meu celular com a minha esposa e falei para ela que o guardinha estava dizendo que o bilhete era roubado. Foi quando ele veio e já tacou spray de pimenta nos meus olhos. Aí eu já não vi mais nada, só percebi um monte de gente vindo para cima de mim”, relata Rodrigo à Ponte.
“Eu pensei que não ia sair vivo, que ia não mais ver os meus filhos. Só soube o que aconteceu depois pelos vídeos, e todo mundo falou que foi prova de Deus eu estar vivo”, afirma ainda.
Rodrigo (ao centro) foi expulso de estação à força e teve crise de convulsão devido a spray de pimenta. Agente que jogou spray (de costas e em primeiro plano na terceira imagem) quis acudi-lo depois
PMs ignoraram vítima passando mal e não registraram ocorrência.
A cena foi toda filmada por um outro passageiro na estação, que fica na Linha 3-Vermelha, o pesquisador e ativista em direitos humanos Paulo Escobar. No vídeo, é possível ver três seguranças do Metrô e mais dois policiais militares que cumpriam expediente dentro da estação puxarem Rodrigo à força no sentido contrário ao de entrada da catraca, espremendo-o no pequeno vão que existe entre uma catraca e outra.
“Começaram a chegar em cima dele e falar que ele tinha roubado o bilhete. Isso aí não fazem com ninguém, passam milhares de pessoas ali por dia, vão reparar em um bilhete?”, conta Paulo, sobre a abordagem a Rodrigo ter sido feita sem motivo plausível.
Os agentes jogaram Rodrigo para o lado de fora das catracas, atordoado e com os olhos bloqueados devido ao spray de pimenta, e tomaram o cartão de Bilhete Único que ele tinha. Mesmo com a alegada suspeita de roubo e com as agressões filmadas, os policiais presentes na cena não encaminharam os envolvidos para uma delegacia. Também não prestaram socorro à vítima.
Paulo intercedeu então por Rodrigo e, ao pagar uma nova passagem a ele, ajudou-o a voltar para a estação, quando a vítima, já acusando falta de ar por efeito do spray, teve uma convulsão na plataforma do metrô. Os mesmos seguranças que o agrediram apareceram então para acudi-lo. O passageiro que auxiliou a vítima afirma que os agentes tentaram intimidá-lo para que saísse de perto, o que não acatou. “Quiseram jogar o cara para fora da estação para não ter responsabilidade”, diz Paulo.
Segurança teria ameaçado vítima no caminho ao hospital
Rodrigo foi retirado da estação de metrô em uma maca e levado de ambulância a um hospital. Ele afirma que, no caminho, um segurança que o acompanhava no veículo o ameaçava, sem que ainda pudesse enxergar. “Ele ficava dizendo na minha orelha: ‘Você sabe que vai morrer, né?’.” O mesmo agente, que a vítima diz ter se apresentado aos socorristas como Ícaro, alegou à equipe médica que Rodrigo havia usado cocaína, o que seria o motivo pelo qual estava passando mal, sem mencionar o spray de pimenta.
Enquanto Rodrigo já estava no hospital, a esposa dele e o sogro, dono do cartão de Bilhete Único que estava com o genro, saíram de Guaianases, bairro da zona leste, e foram à estação Belém, onde reafirmaram a versão do familiar. Ainda assim, o cartão apreendido não foi devolvido pelos seguranças.
O homem agredido diz que retomou a visão plenamente só depois de dois dias, ainda com inchaço no rosto. Ele ainda sente dores no corpo, principalmente na coluna, e não conseguiu voltar ao trabalho. Rodrigo é pintor e vinha fazendo um trabalho de elétrica em uma obra na região do Belém. Ele e a esposa cuidam de seis filhos. “Tem muita gente que diz: ‘Aconteceu isso, e quer se fazer de coitado’. Mas, sem trabalhar esses três dias, se eu falar para você que não estou passando aperto, eu estou mentindo.”
O que dizem o Metrô e a SSP-SP
A Ponte questionou a Secretaria da Segurança Pública paulista (SSP-SP) sobre a razão pela qual os PMs presentes na ocorrência não encaminharam os envolvidos para uma delegacia. Questionou também a Companhia do Metropolitano de São Paulo, empresa sob controle do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) que opera a Linha 3-Vermelha, se entende que a conduta de seus seguranças foi adequada. Ainda não houve retorno de ambas as partes. Se houver, esta reportagem será atualizada.
Paulo Batistela
Matéria Publicada pelo Portal PONTE JORNALISMO em 02/09/2025