O voto mesmo de forma inconsciente 'entrega' quem vota, ainda mais o voto político-partidario, é como se fosse uma procuração ou um cheque assinado mas em branco, que se dá alguém, mas a pergunta é. 'Quem dá coisas como estas para quem não se confia e por consequência, alguém com o qual não se identifica?'

 Enganar-se ou deseja se enganar, ou pior tentar justificar o injustificável, o fato é que, para todo efeito houve uma causa, como determina a física, e essa causa fica ainda mais evidente ou escancarado quando envolve a natureza humana. 

 Diante da 'causa e efeito' dá para se entender que, não existe 'voto enganado', não existe 'voto envergonhado', assim como não existe 'voto útil', só não dá para entender como ainda tem quem acredita que existem estes tipos de voto, até porque todos os votos são resultado de uma motivação que inexoravelmente leva ou levou alguém a votar em alguém, inclusive claro, nele próprio, quando também é um candidato. 

 Votar enganado em alguém. Sob a tão infantil, quanto retórica e hipócrita desculpa, que se enganou ou foi enganado, por não conhecer bem quem votou. Só uma perguntinha básica. 'Será que esse eleitor que diz ter se enganado, seria tão inocente ou ingênuo o suficiente, para não dizer estúpido mesmo, para dá a chave do cofre de sua empresa ou casa, para um desconhecido guardar ou no mínimo efetuar todos os pagamentos de suas contas mensalmente?' já que o voto ou votar em alguém, significa exatamente isso, ou seja, dá as chaves de sua casa para alguém entrar e fazer o que esse alguém desejar.

 Voto envergonhado. Acreditar que alguém que votou, defendeu e apóiou, um ser tão escandalosa e escancaradamente desprovido dos mínimos indícios de caráter, de dignidade moral e de ética, como é e sempre foi Bolsonaro em toda sua infame e maldita vida privada e pública, acreditar que um tipo de pessoa que foi capaz de ter uma atitude como essa antes de acreditar confiar apoiar e defender um ser como Bolsonaro, seja capaz de mesmo agora, ter algum tipo de pudor ou vergonha, ou mesmo dignidade para reconhecer que cometeu tamanho erro na vida e por isso irá votar contra, agora por vergonha do que fez antes, acreditar nisso ou em uma pessoa como essa, é o mesmo que acreditar em Papai Noel, Saci Pererê, lobisomem e etc, isso para não dizer o que Freud e a psicanálise já explicou sobre pessoas como estas.

 Voto útil. Acreditar em um clichê tão sem base ideológica ou racional, como o chamado 'voto útil', é no mínimo subestimar a capacidade racional das pessoas, é o mesmo que classificar todos que diz ter optado pelo voto útil, como volúveis ou seres sem nenhuma noção, incapazes de discernir o que estas acham, pensam ou acreditam, do que não acham, não pensam nem acreditam, por isso aproveitaram esse momento para rever todos os seus conceitos que tinham antes só para decidir logo as eleições.

 O fato é que qual tenha sido essa motivação que levou ou leva alguém a votar em alguém não importa, o que importa foi porque ela aconteceu, o certo é que existe algo no ato de votar e algo que importa muito pois ele é o fator determinante para que essa escolha ou opção seja feita, esse algo é muito mais forte que conceitos como o ideológico e até mesmo de interesses pessoal que estejam por trás, pois esse algo envolve consciente ou não, fatores psicológicos, psicanalíticos, moral e até subjetivos, mesmo que seja a falta de algum destes. Infelizmente esse algo é pouco levado em consideração ou nem mesmo admitido, talvez como forma de se enganar, de negar a verdadeira motivação que levou a votar, ou mesmo enganar alguns que não se quer falar a verdade. 

 Essa motivação consciente ou não se chama 'identificação de caráter' afinal o ato de votar em alguém carrega muito mais que só apóio ideológico ou por conveniências interesses mesmo, o voto em si carrega uma identificação moral do eleitor com o candidato em que ele vota pois o voto político-partidario é um tipo de procuração ou 'cheque em branco' que quem vota dá ou passa em nome do candidato em que vota, ou alguém é capaz de acreditar que uma pessoa minimamente normal, vá dá um cheque assinado mas em branco, ou uma procuração idem, a alguém em que não se confia mas principalmente com o qual não tenha uma identificação de caráter, até porque confiar em alguém é também se identificar com essa pessoa.

 Uma prova incontestável de tudo que foi dito aqui são os apoiadores defensores e eleitores de Trump e Bolsonaro, afinal em sã consciência, que não seja por identificação, alguém seria capaz de votar, apoiar e defender, seres tão indefensáveis e desprezíveis moralmente como Trump e Bolsonaro, principalmente pela sua depreciação ética e de caráter, por qual outro motivo que não fosse aquele que consciente ou não, é capaz de fazer alguém se simpatizar, se identificar ou se vê no outro, algo que Freud e sua criação a psicanálise já explicou, que é o alter ego ou 'seu outro', faria milhões de pessoas, apóiar defender e até matar ou morrer, por seres com tantos defeitos especialmente no campo moral um campo onde o que mais se vê são pessoas, mesmo e quase sempre por hipocrisia, negar ferir ou subverter ainda mais publicamente, ou seja, compactuar com temas que depõe contra a tal moral estabelecida. No entanto o eleitor apoiador e defensor de Bolsonaro e Trump, além apóiar e defende-los cegamente, também são unânime em não vê ou admitir erros nem defeitos em seus ídolos, que não por acaso também identificam-se mutuamente ídolos e apoiadores.