Ministério Público da Bahia (MP-BA) aponta falhas na distribuição dos 1,2 mil equipamentos disponíveis para a corporação e recomenda que governo Jerônimo Rodrigues (PT) priorize unidades com maior índice de mortes.
Os batalhões da Polícia Militar mais letais da Bahia não utilizam câmeras corporais, embora o estado tenha mais de 1,2 mil equipamentos disponíveis. A constatação levou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) a recomendar que a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), do governo Jerônimo Rodrigues (PT), mude os critérios de distribuição e priorize unidades com maior índice de mortes em ações policiais.
Segundo o Centro de Apoio Operacional de Segurança Pública (Ceosp) do MP-BA, as companhias mais letais são as Rondas Especiais (Rondesp) do Recôncavo, Extremo Sul, Atlântico, Baía de Todos os Santos e o 19º Batalhão de Polícia Militar de Jequié. Nenhuma delas utiliza câmeras corporais.
Leia também: Número de chacinas policiais cresce 235% na Bahia no 1º semestre de 2025
De acordo com a SSP-BA, foram distribuídos 1.263 equipamentos, mas apenas 95 estavam em uso no momento das inspeções feitas pelo MP-BA — o equivalente a 7,5%. As vistorias ocorreram nos últimos dois meses em 15 unidades da Polícia Militar, Polícia Civil e Departamento de Polícia Técnica (DPT).
ainda foi de 10,5 mortes decorrentes de intervenção policial (MDIP) para cada 100 mil habitantes, colocando o estado entre os piores do país.
Leia também: PM adota câmeras corporais na maioria dos estados, mas para menor parte do efetivo
O peso da letalidade policial no total de homicídios também expõe um padrão de uso abusivo da força. Segundo o Anuário, em 2024 os assassinatos cometidos por policiais representaram mais de 20% de todas as mortes violentas intencionais na Bahia — patamar que, de acordo com pesquisadores como Ignacio Cano e Paul Chevigny, indica grave desvio institucional. Ao lado de estados como São Paulo, Pará, Goiás, Sergipe e Amapá, a Bahia figura no grupo em que a letalidade policial é determinante para os índices gerais de violência.
No recorte municipal, a situação é ainda mais alarmante: seis das dez cidades com maiores taxas de mortes por policiais no Brasil estão em território baiano — Santo Antônio de Jesus, Eunápolis, Jequié, Porto Seguro, Lauro de Freitas e Simões Filho.
Matéria Originalmente Publicada pelo Portal PONTE JORNALISMO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário