Ocupado por saúvas de luxo, engravatadas, togadas, fardadas, ungidas, digitalizadas.
Parasitas que se apresentam como ordem, progresso, moral, estabilidade, responsabilidade fiscal, segurança nacional ou salvação divina.
Não são salvadores.
São administradores do apodrecimento.
Desde sempre nos vendem a mesma chantagem:
— sem autoridade, o caos
— sem repressão, o colapso
— sem eles, o fim do Bostil
Mas o Bostil real — o que escravisa e é escravisado, que cai, que finge se levantar e sobrevive — sempre existiu apesar deles, nunca graças a eles.
A frase antiga dizia:
“Ou o Brasil acaba com as saúvas, ou as saúvas acabam com o Brasil.”
Hoje ela soa quase ingênua.
Porque as saúvas já venceram — e convenceram o país de que são indispensáveis.
Elas não roem folhas.
Roem orçamento, direitos, tempo, futuro e consciência.
Não fazem barulho.
Fazem norma, discurso, decreto, dogma.
O autoritarismo bostileiro não chega de botas.
Chega de planilha.
De toga limpa.
De sermão moral.
De promessa técnica.
E sempre pede silêncio como sacrifício temporário.
Temporário há séculos.
O maior crime político deste país não foi um golpe específico.
Foi a normalização da submissão.
Foi transformar obediência em virtude
e revolta em pecado.
O Anarchy Now! não existe para oferecer soluções fáceis, líderes carismáticos ou novos donos do poder.
Existe para destruir o consenso que protege os velhos.
Aqui não se pede ordem.
Ordem demais foi o que nos trouxe até aqui.
Aqui não se pede paciência.
Paciência foi o anestésico usado enquanto tudo era roubado.
Aqui não se pede moderação.
Moderação sempre foi o nome educado da covardia política.
Este não é um espaço neutro.
Neutralidade é o disfarce preferido das saúvas.
Este não é um espaço de conciliação.
Não se negocia com quem vive de sugar.
Este é um espaço de ruptura, denúncia e desobediência intelectual.
Se o Bostil acabar, que seja com barulho, não de joelhos.
Se houver futuro, ele não virá do topo.
Virá do colapso das estruturas que fingem sustentá-lo.
ANARCHY NOW!
Contra o parasitismo do poder.
Contra a ordem que só funciona para poucos.
Contra o formigueiro.
Não é um convite.
É um aviso.
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