Prefácio — Por que “odd” assusta tanto
Chamam de odd quem rompe o silêncio.
Chamam de radical quem junta os pontos.
Chamam de ameaça quem diz nomes.
Porque no Bostil, o problema nunca foi a mentira — foi alguém lembrando da verdade.
Este não é um texto equilibrado.
É um texto honesto.
E, hoje, isso basta para ser considerado perigoso.
PARTE I — O JUDICIÁRIO: TOGA, PODER E A FICÇÃO DA NEUTRALIDADE
Odd é dizer que Alexandre de Moraes concentra mais poder que muito presidente eleito — sem voto, sem recall, sem controle real.
Odd é lembrar que o STF deixou de ser corte constitucional e virou comitê político permanente, decidindo pauta, discurso e limite do aceitável.
Odd é dizer que: censura continua sendo censura, mesmo quando vem assinada, carimbada e “para o bem da democracia”.
Odd é apontar que Gilmar Mendes, Barroso, Fachin e companhia não são deuses do Olimpo jurídico — são atores políticos com interesses, alianças e biografia.
No Bostil, toga virou escudo moral:
não se questiona, não se vota, não se toca.
Quem questiona é “antidemocrático”.
Quem obedece é “institucional”.
Odd é achar isso normal.
PARTE II — O EXECUTIVO: CONCILIAÇÃO COMO DOENÇA CRÔNICA
Odd é Lula discursar contra elites enquanto governa com a facção de toga, distribui bilhões e cargos para comprar o apóio e proteção do Centrão.
Odd é fingir surpresa com Mota/Pacheco Alcolumbre/Lira, como se eles não fossem filhos legítimos de décadas de acordos sujos.
Odd é chamar isso de governabilidade.
Conciliação com o atraso não é virtude histórica.
É adiamento do colapso.
Bolsonaro ou Lula não são aberrações.
São sintoma.
Sintoma de: militares e quadrilheiros jamais responsabilizados, elites jamais incomodadas, mídia jamais autocrítica.
Odd é tratar Bolsonaro como ponto fora da curva ou Lula como esquerda, quando eles são produtos perfeitamente lógico do sistema que ainda está aí.
PARTE III — O CONGRESSO: O BALCÃO OFICIAL DA REPÚBLICA
Odd é chamar de representantes do povo um Congresso dominado por: ruralistas que destroem terra, pastores que exploram fé, facções, milicianos e narcotraficantes de terno, toga e lobistas que escrevem leis.
Odd é fingir que o Orçamento Secreto foi acidente, não método.
Odd é chamar chantagem de negociação.
No Bostil, o voto termina na urna.
Depois, o mercado decide.
PARTE IV — MÍDIA: A HIPOCRISIA EDITORIAL
Odd é dizer que a Globo, a Folha, o Estadão, Uol etc, não defendem democracia — defendem estabilidade para negócios.
Odd é lembrar que: a mesma mídia que hoje chora instituições aplaudiu o impeachment sem crime, normalizou ajuste fiscal com fome,
criminalizou protesto e romantizou repressão.
Imparcialidade virou marketing.
Crítica virou produto premium.
PARTE V — MERCADO, BANCOS E O DEUS INVISÍVEL
Odd é falar que o Banco Central “independente” é uma piada de mau gosto.
Independente de quem?
Do povo, sempre.
Mas submisso a Faria Lima, JP Morgan, BlackRock e afins.
Odd é lembrar que Roberto Campos Neto nunca foi técnico neutro — foi ideólogo com verniz acadêmico.
No Bostil: o mercado nunca erra, só o povo paga.
PARTE VI — IGREJAS, EMPRESÁRIOS E O CONSÓRCIO MORAL
Odd é dizer que grandes igrejas viraram empresas de isenção fiscal e controle político.
Odd é lembrar que fé virou moeda eleitoral.
Odd é apontar empresários que: sonegam bilhões, pregam meritocracia, e chamam miséria de “falta de esforço”.
No Bostil vulgo Brasil, moral é discurso. Lucro é dogma.
PARTE VII — CONCLUSÃO: ASSUMIR O ODD
Odd é o jovem que não acredita mais.
Odd é o trabalhador que entendeu o jogo.
Odd é quem percebe que esquerda institucional e direita institucional brigam em público, mas se preservam no essencial.
Odd é quem recusa escolher entre: autoritarismo de farda, autoritarismo de toga, autoritarismo de mercado.
Se isso é ser odd, então somos.
Porque num país onde a normalidade é o absurdo institucionalizado, a lucidez sempre parecerá estranha.
Chamem de radical.
Chamem de exagero.
Chamem de odd.
A história costuma chamar isso de consciência tardia.
Parte I — Judiciário
Parte II — Executivo
Parte III — Congresso
Parte IV — Mídia
Parte V — Mercado
Parte VI — Igrejas & Elites
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