A Multidão Não Gritava por Sangue. Gritava por Fim.
As praças da Revolução Francesa não eram silenciosas.
Eram ensurdecedoras.
Quando a lâmina caía, a multidão gritava:
“À la guillotine!”
Mas isso não era um pedido de morte.
Era um pedido de encerramento.
Fim da fome.
Fim do privilégio hereditário.
Fim da mentira de que alguns nascem para mandar e outros para obedecer.
A guilhotina não foi apenas uma máquina — foi uma frase política de aço.
Cada cabeça que rolava dizia algo simples e brutal:
ninguém é sagrado quando vive sugando o povo.
A praça não aplaudia o sangue.
Aplaudia a queda do intocável.
A Violência Não Começou na Praça. Começou no Palácio.
A história oficial adora fingir choque:
“Como puderam comemorar execuções?”
Hipocrisia.
Onde estava esse choque quando:
- camponeses morriam de fome enquanto banquetes apodreciam em Versalhes?
- impostos esmagavam quem nada tinha?
- reis governavam por “direito divino” enquanto o povo vivia por direito nenhum?
A multidão não criou a violência.
Ela respondeu a séculos dela.
A guilhotina foi o momento em que o povo disse, em coro:
“Chega.”
O Verdadeiro Escândalo Nunca Foi a Guilhotina. Foi a Igualdade.
O que realmente apavorou o mundo não foi a lâmina.
Foi o princípio:
O mesmo fim para nobres e plebeus.
Nenhum privilégio na morte.
Nenhuma exceção pelo sobrenome.
Nenhum cargo acima do julgamento coletivo.
Por isso a Revolução ainda incomoda.
Por isso ainda tentam tratá-la como “excesso”, “erro”, “barbárie”.
Porque ela provou algo perigoso demais para o poder aceitar: autoridade não é eterna.
Hoje Não Há Guilhotinas. Há Algo Pior.
Hoje não há praças lotadas.
Há algoritmos, tribunais seletivos, imprensa domesticada e indignação administrada.
Os reis não usam coroas.
Usam ternos, cargos, discursos vazios e segurança privada.
E o povo? Assiste tudo pela tela. Silenciado. Fragmentado. Convencido de que protestar é “radical demais”.
Mas a lógica é a mesma:
- concentração extrema de poder
- miséria naturalizada
- e uma elite que se acha imune às consequências
A diferença é que agora querem uma revolução sem barulho, sem ruptura, sem risco.
Ou seja: sem revolução.
A Praça Ainda Existe. Ela Só Mudou de Forma.
A multidão da Revolução Francesa gritava porque sabia que não havia retorno.
Quando o povo entende isso, a história acelera. E quem está no topo sempre finge surpresa.
Não se trata de repetir a guilhotina. Trata-se de repetir o princípio:
Nenhum poder é legítimo se precisa da miséria para existir.
Nenhuma autoridade é intocável.
Nenhum sistema sobrevive quando perde o medo do povo — e o povo perde o medo dele.
As praças podem estar vazias.
Mas o grito continua ecoando.
E ele não pede sangue.
Pede fim.
Anarchy Now!
Porque toda ordem injusta termina do mesmo jeito:
quando o povo decide que acabou.
Blog Anarchy Now! — ácido, histórico, simbólico e atual, sem anestesia:
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